sábado, 6 de julho de 2013

Qualidade médica tem nacionalidade?

Outro dia falei aqui aos argumentos dos que se opõem à contratação de médicos estrangeiros – cubanos, portugueses e espanhóis – para trabalharem em regiões remotas alegando ¨falta de qualidade¨destes profissionais.
Seria interessante que nessa discussão, as entidades médicas, em lugar de desqualificar os outros, olhasse nossas próprias deficiências.
Veja o que está no site do Cremesp, Conselho Regional de Medicina de São Paulo, sobre o exame de suficiência aos recém-formados em Medicina, aplicado pela primeira vez, de forma obrigatória, este ano:

“Dentre 2.411 participantes, formados em escolas médicas do Estado de São Paulo, 54,5% foram reprovados no Exame do Cremesp, pois acertaram menos de 60% da prova, ou seja, menos de 71 das 120 questões (Quadro 1). O Exame contou com a presença de 2.525 egressos das 28 escolas médicas paulistas que funcionam há mais de seis anos. Desses, 114 tiveram suas provas invalidadas.(por boicote ou respostas inconsistentes).
Isso só contando os médicos formados em São Paulo, que tem reconhecidamente um dos melhores ensinos médicos do país. Todos, independentemente do resultado, receberam seus registros e podem atuar plenamente.
Os doutores que se opõem tanto à contratação de médicos estrangeiros para atender a quem não tem médico deveriam, antes, fazer um auto-exame.
Ou qualidade do médico só depende da nacionalidade, igualzinho a uísque, em que só escocês é de primeira?