segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Cardeais ligados a casos de pedofilia poderão participar de conclave

Os cardeais suspeitos de acobertar atos de pedofilia cometidos por padres têm o direito e o dever de participar no conclave para escolher o próximo Papa após a renúncia de Bento XVI, afirmou o ex-procurador contra a pedofilia do Vaticano.
Em uma entrevista publicada nesta segunda-feira pelo jornal "La Stampa", Charles Scicluna disse que estes homens, que calaram "por medo do escândalo", têm, segundo as regras canônicas, "o direito e o dever de participar no conclave".
"Deus saberá colocar em sua boca as palavras que saem de um coração humilhado. A sabedoria não é apenas acessível aos santos, mas também aos pecadores", disse Scicluna, responsável pelas medidas contra a pedofilia durante o pontificado de Joseph Ratzinger.
"O autêntico escândalo é não ter denunciado os abusos. Mas a percepção mudou. O silêncio se transformou em escândalo. E o mérito é de Ratzinger. Vamos fazê-los entrar no conclave. Deus saberá utilizar da melhor maneira possível sua presença no conclave. O que está livre de pecado que atire a primeira pedra", completou
Em países como Estados Unidos, Bélgica e Irlanda, os católicos e as associações de vítimas estão pressionando as igrejas nacionais para que estes cardeais não participem na eleição do novo Papa.
Este é o caso, entre outros, do cardeal de Los Angeles Roger Mahony, destituído de suas funções no mês passado por ter protegido padres acusados de abusos sexuais. Também estão na mira o ex-arcebispo da Filadélfia Justin Francis Rigali, o cardeal belga Godfried Danneels e o cardeal irlandês Sean Brady, entre outros.
O americano Greg Burke, assessor de comunicação da Secretaria de Estado do Vaticano, disse ao Il Messaggero que os meios de comunicação tentarão influenciar o próximo conclave e que '"alguns podem ser odiosos".
O Vaticano também criticou no sábado em um comunicado as denúncias da imprensa italiana sobre supostos escândalos financeiros e sexuais dentro da Cúria Romana e lamentou "a difusão de notícias, geralmente não verificadas ou não verificáveis, ou inclusive falsas" para influenciar na eleição do novo Papa. (Com informações do G1)