quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Usuários de droga são retirados à força de cracolândia no Rio.

RIO - A Secretaria municipal de Assistência Social, com o apoio da Polícia Militar, realiza na manhã desta quarta-feira uma operação para retirada de usuários de crack no acesso à Favela Parque União, às margens da Avenida Brasil, na entrada da Ilha do Governador. O grupo fica entre os tapumes das obras do BRT Transcarioca. Muitos deles, saíram da cracolândia do Complexo de Manguinhos e da Favela do Jacarezinho após as comunidades serem ocupadas pela polícia. Todos os acolhidos serão encaminhados para as unidades de abrigamento da Rede de Proteção Social do município.


Remédio drástico. Medida, polêmica, tem o objetivo de acabar com cracolândias como a que surgiu no acesso à Ilha do Governador na semana passada
Foto: Pablo Jacob/16-10-2012 / O Globo
Na semana passada, foram retirados mais de 67 pessoas, mas em menos quatros horas um grupo de mais de 30 já estavam de volta ao local. Assim que os agentes da Secretaria de Assistência Social e os policiais deixaram a cracolândia, usuários começaram a retornar. No alto do viaduto da Avenida Brigadeiro Trompowski — que liga a Ilha do Governador à Avenida Brasil —, um homem com um enorme pedaço de madeira nas mãos ameaçava quem sem aproximava.

Anunciada na segunda-feira pelo prefeito do Rio, Eduardo Paes, a internação compulsória de adultos usuários de crack, divide opiniões. Há uma discussão jurídica sobre a constitucionalidade da medida, que o próprio Paes admite ser polêmica. Segundo a legislação atual, uma pessoa só pode ser internada contra a vontade caso fique provado que ela não é capaz tomar decisões. Presidente da Associação de Magistrados do Estado do Rio (Amaerj), o desembargador Claudio Dell'Ort diz que a decisão tem que partir da Justiça. No entanto, o presidente da Ordem dos Advogados do Rio de Janeiro (OAB), Wadih Damous, disse que é a favor da internação forçada por se tratar de um problema de saúde pública. Já a presidente do Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro, Vivian Fraga criticou a decisão. De acordo com ele, a ação é contrária a tudo que está escrito, conveniado e assinado dentro das políticas de saúde e assistência.
Para colocar o plano em prática, o prefeito disse que criará, até o fim do ano, 600 vagas para o tratamento de dependentes da droga. De acordo com Paes, caberá às secretarias de Assistência Social e de Saúde a elaboração de um projeto de criação das vagas na rede municipal. Ele afirmou que a proposta será apresentada no dia 5 de novembro, no Jacarezinho. O prefeito disse ainda que, nesta quinta-feira, pedirá apoio ao ministro da Saúde, Alexandre Padilha, em Brasília. Para o prefeito, usuários de crack não têm condições de decidir pela internação.

Fonte: O Globo