segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

DEM luta para evitar "contaminação" pelo escândalo no DF

Em meio à discussão sobre como se prevenir da Gripe Suína, com a população buscando a todo custo evitar a contaminação pelo vírus H1N1, outro tipo de contaminação também é discutida na política. O Democratas de todo o Brasil busca evitar a proliferação do vírus do mensalão, que recentemente surgiu no principal ícone do partido no país, o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda.

As principais lideranças da legenda lutam para "isolar" o agora ex-correligionário que, apesar de não ter a confirmação das falcatruas, aparece em vídeos que comprometeram decisivamente a sua carreira política e culminaram com a desfiliação "voluntária" do governador, que inevitavelmente seria expulso. Agora, o Democratas luta para evitar que o escândalo respingue na eleição de 2010. Membros do partido acreditam que o episódio não vai interferir no pleito. Especialista discorda.



Flagrado recebendo propina em vídeos produzidos por um ex-aliado e cúmplice no esquema de corrupção investigado na operação "Caixa de Pandora", José Roberto Arruda passou do status de um dos maiores expoentes do Democratas no Brasil para um câncer dentro da legenda. O prestígio do governador era tanto, que setores do partido defendiam que ele fosse o nome indicado para ocupar a vaga de vice-presidente na chapa encabeçada pelo PSDB em 2010.

Durante evento em Natal, inclusive, quando o senador José Agripino foi homenageado por sua trajetória política, Arruda foi um dos mais festejados e recebeu elogios do senador potiguar. Agripino afirmou que a administração de Arruda era exemplo para o país do que o DEM poderia fazer no Executivo. Após o escândalo, entretanto, Agripino foi rápido em cobrar providências e afastar o risco de contaminação.

Junto ao senador Demóstenes Torres (GO), o líder do Democratas no Senado defendeu desde o primeiro momento a expulsão sumária de José Roberto Arruda, argumentando que o partido deveria tomar uma postura exemplar no caso e afirmando em algumas ocasiões que uma das diferenças entre o PT e o DEM é que o segundo pune seus corruptos.

O governador dos panetones, então, se viu acuado e decidiu sair antes de ser expulso da legenda. Mas os membros do Democratas garantem que a saída dele já estava decidida. "O governador Arruda apenas antecipou uma decisão que seria tomada pelo partido. O DEM preferiu perder o único governador do partido, a conviver com denúncias de corrupção, com a improbidade", explica a senadora Rosalba Ciarlini. A pré-candidata ao governo do estado em 2010, inclusive, pode ser uma das vítimas do letal vírus de José Roberto Arruda na eleição. É o que avaliam especialistas.

O cientista político e professor do departamento de Sociologia da UFRN, Alex Galeno, acredita que a pauta da eleição ao governo do Rio Grande do Norte não será a troca de acusações entre os candidatos. Contudo, na hipótese do caso continuar com desdobramentos até a eleição, a possibilidade de desgaste eleitoral no estado deve ficar restrita às candidaturas da "Rosa" e de Agripino.
 
"Não se pode dizer que o problema no DEM é localizado e isolado em Brasília, porque há investigações de que o dinheiro arrecadado no esquema de corrupção abastecia diretórios pelo país, e a Camargo Corrêa, empresa citada no evento, já contribuiu com o diretório do estado. A oposição pode pagar pelo discurso da moralidade, mas se houver reflexo (do escândalo) na eleição, será nas candidaturas majoritárias", avaliou Galeno, que tem opinião divergente da do ex-deputado federal Ney Lopes de Souza.